O projeto Parque Fluvial do Rio São Francisco em Januária foi desenvolvido no Programa de Cooperação Técnica entre a Organização dos Estados Unidos Americanos – OEA – e a Secretaria de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano do Ministério do Meio Ambiente – SRHU/MMA para elaboração de Projeto Básico para Implantação de Parque Fluvial situado à margem do rio São Francisco no município de Januária – MG, utilizando metodologias participativas de produção da paisagem.
Durante a execução do projeto do Parque Fluvial em Januária foi desenvolvida e aplicada uma metodologia participativa de apresentação, coleta e espacialização de dados e demandas da população. Foi realizada a oficina de “Biomapas Comunitários” estudada, modificada e desenvolvida na dissertação de mestrado “Do planejamento da Circulação ao Microplanejamento Integrado” da coordenadora Luciana Souza Bragança. A aplicação nesse formato foi desenvolvida especialmente para este projeto.
Essa metodologia proporciona um entendimento da área pelos participantes, a introdução da visão dos mesmos sobre a área e gera um resultado com propostas já espacializadas produzidas coletivamente. Os mapas perceptivos produzidos nessa oficina tornaram-se uma base representativa da vontade daquele grupo e um primeiro esboço do Projeto Básico.
Foram produzidos da seguinte forma:
- Apresentação dos mapeamentos temáticos produzidos com os dados levantados e apresentação do programa físico funcional proposto pelo Ministério do Meio Ambiente.
- Avaliação e redesenho desses mapas com informações adicionais e novas atividades propostas pelos participantes,
- Produção de informação espacial coletiva tanto de levantamento quanto de propostas.
Materiais utilizados:
- Mapeamentos impressos e plastificados
- Mapa base plotado em formato grande contendo área e o entorno imediato.
- Folhas de papel, do tipo post it.
- Caneta hidrocor, lápis, lápis de cor, lápis de cera,
- Adesivos com o programa físico funcional proposto organizado em pictogramas.
- Legenda dos pictogramas
Os participantes foram convidados a confeccionar os mapas comunitários inserindo o programa na base cartográfica, espacializando assim relações de vizinhança e lugares para implantação do programa. Deu-se, dessa forma, possibilidades para o grupo localizar as atividades de acordo com seus desejos e interpretação própria.
O primeiro biomapa foi confeccionado pelos atores estratégicos.
Diante do mapa base apresentado em formato A0, foi indicado o uso de cada material para as devidas intervenções, afim de espacializar todo o programa do parque a partir da demanda local. Foram utilizados os adesivos como indicadores do programa proposto, e também foram admitidas e incentivadas outras indicações de programas anotadas por todos os participantes nos post its e no próprio mapa.
Não houve intervenção ou direcionamento das propostas durante a oficina.
Houve uma dificuldade no entendimento da escala da área do parque mas houve uma discussão frutífera quanto ao programa, sua melhor localização e proximidade com outros programas.
Os atores estratégicos fizeram proposições muito peculiares como: a extinção da área destinada para o estacionamento de veículos automotores na área de preservação onde será implantado o parque, a criação de uma “zona dos poetas”, o uso predominante de espécies nativas na arborização, implementação de um equipamentos de modo que os participantes ficaram envolvidos de forma propositiva e corresponsável em relação ao parque.
O segundo biomapa foi confeccionado por 10 alunos da rede pública com cerca de 10 anos de idade. O grupo infantil confeccionou um mapa com associações mais inusitadas e de grande valia. Muitas de suas ideias tiveram enorme importância e foram incorporadas ao projeto.
As anotações sobre o mapa na segunda oficina não reúnem somente sugestões e justificativas de programa. No mapa encontram-se várias referências ao cotidiano do grupo e de sua relação com a área. Destacam-se as observações "O parque tem que ser público" e “perto de minha casa” como as que mais apareceram e explicitando as relações acima citadas.
A forma como os post its foram inseridos no mapa foi bastante diferenciada em relação a primeira oficina. Com base nos ícones adesivados e no entendimento do que o ícone representava na legenda entregue, as crianças associaram os post its aos ícones do programa, inserindo neles as justificativas do porquê o ícone estar sendo inserido naquele lugar e qual era a sua função.
O efeito principal dessa oficina infantil foi o de educação ambiental, envolvendo outro grupo com outra faixa etária como ator estratégico a idéia de conservação e preservação do parque é disseminada a um montante cada vez maior de pessoas.
Ocorreu a proposição de ideias inéditas ainda não contempladas no material e no programa estabelecido. A familiaridade dos grupos com área confirmou a proposição de alguns programas e incorporou novos que até o momento ao que não haviam sido estabelecidos.
Para a elaboração da proposta fizemos a sobreposição do resultado dos dois mapas produzidos que foi usada como base de projeto.
Galerias
BIOMAPA 1 - ATORES ESTRATÉGICOS
https://arqgrama.com.br/projetos/item/66-oficina-biomapas-comunitarios#sigProId5ae1f4b1b8
BIOMAPA 2 - Alunos
https://arqgrama.com.br/projetos/item/66-oficina-biomapas-comunitarios#sigProId8648be0ceb
diagnóstico e síntese
https://arqgrama.com.br/projetos/item/66-oficina-biomapas-comunitarios#sigProId8dea75a520