A nossa proposta de reestruturação urbana para os 15,5km de extensão da Orla Noroeste de Vitória busca um desenho capaz de articular áreas da cidade levando em consideração a interface entre espaço projetado e a exuberante paisagem natural. Essas conexões se dão pelo tratamento dos espaços públicos e pela presença de alguns equipamentos que podem estimular o trânsito de pessoas.
A idéia foi apresentar soluções com fácil exiquibilidade diante de particularidades urbanas e arquitetônicas de cada localidade: conexões internas, arruamento, saneamento, mobilidade urbana, acessos, iluminação, vegetação, drenagem, materiais e saberes locais. Buscando agregar valor ao produto local, as propostas exploram as potencialidades do granito local e da cerâmica, tornando-os elementos chave da integração.
Nesse sentido, a integração do espaço projetado com a natureza foi pensada de forma que as pessoas possam usufruir da paisagem, com o menor impacto possível. Algumas das estratégias utilizadas foram: afastar as construções e a urbanização das linhas d’água, propor decks soltos do solo, evitar cortes em terreno, não obstruir a passagem da fauna, propor estacionamentos permeáveis e jardins de chuva para ajudar na drenagem e diminuir a impermeabilização, utilizar vegetação local tanto para reestruturar o mangue quanto para amenizar o impacto visual das contenções dos canais, utilizar produtos resistentes a maresia.
Em breves momentos tais interrupções da forma da cidade projetada e de seu cotidiano programado possibilitam uma redefinição das relações entre o público e privado, entre a cidade e a natureza, entre o formal e o informal para além de uma complementaridade dada por uma espetacularização do urbanismo.
Nesse sentido, reconhecemos a importância de se pensar num espaço público de qualidade, capaz de dar suporte para uma mudança nas relações da cidade.